Após a desencarnação, homens e mulheres continuam, no perispírito, com os órgãos sexuais, mas estes não conservam as mesmas funções que possuíam na Terra.
Todos os Espíritos errantes nutrem os sentimentos e emoções inerentes à sua condição.
O que não há, evidentemente, é a procriação.
Isso só ocorre no plano terrestre, onde as Leis Divinas impulsionam o macho e a fêmea,através do instinto e do amor, a colaborar na criação.
Entretanto, a problemática sexual continua, não no sentido terreno, pois todos se encontram desembaraçados do corpo físico; não desaparece, uma vez que é a fonte da vida.
Como regra geral, o Espírito, ao desencarnar, conserva, na erraticidade, a forma perispiritual da última encarnação. Talvez, por algum condicionamento ou necessidade, o Espírito permaneça na condição de homem ou mulher.
Informa o Espírito Silveira Sampaio, na obra O Mundo em que Eu Vivo, psicografado por Zíbia M. Gasparetto, que alguns desencarnados têm extrema dificuldade de mudar qualquer característica física da última encarnação.
Todavia, como regra geral, os Espíritos errantes podem manipular o perispírito a seu bel-prazer e de acordo com as lembranças de vidas passadas que mais lhes agradarem.
O Espírito Johannes, que não aceita as leis reencarnacionistas, dá, na obra Rumo às Estrelas, de autoria de Herbert Dennis Bradley, o seu parecer a respeito da diferença de sexos:
Nenhum dos dois (masculino ou feminino) é superior ou inferior ao outro.
Tais explicações não podem aplicar-se às metas de um todo.
A mulher é a mesma coisa aqui e aí. E o poder que cria os ideais do homem.
E o grande ser criador, não só de novos seres, como de novos pensamentos.
Sua responsabilidade é ainda maior que a do homem.
Não somente a mulher dá ser aos filhos, como realmente cria os altos ou baixos ideais do ser masculino (. . .).
A mulher sobrevive como alma feminina; o homem como alma masculina.
Devo observar, porém, que o que na Terra chamais amor nada tem a ver com isto.
O Amor existe de muitas maneiras. O Sexo é uma lei; o Amor uma inspiração.
Compreendei a distinção e nunca os confundais.
No dia 25 de abril de 1862, em reunião na Sociedade Espírita de Paris, o Espírito J. Sanson, recém-desencarnado, evocado por Allan Kardec, dá a sua explicação sobre o assunto:
P. Os Espíritos não têm sexo.
Entretanto, como ainda há poucos dias séreis um homem, tendes neste novo estado uma natureza mais masculina do que feminina?
Acontece o mesmo com o Espírito que tivesse deixado seu corpo há muito tempo?
R. Não temos de possuir natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os criou pela sua vontade, e se, nos seus maravilhosos desígnios, quis que os Espíritos se reencarnem na Terra, teve de acrescentar para isso a reprodução das espécies por meio das condições próprias do macho e da fêmea.
Mas vós o sentis, sem necessidade de nenhuma explicação — os Espíritos não podem ter sexo. (O Céu e o Inferno, de Allan Kardec) Melhores esclarecimento temos em O Livro dos Espíritos, na resposta que Allan Kardec obtém dos Espíritos à pergunta 201:
P. O Espírito que animou o corpo de um homem, em nova existência pode animar o de uma mulher e vice-versa?
R. Sim, são os mesmos Espíritos que animam os homens e as mulheres.
Os Espíritos se encarnam homens ou mulheres porque eles não têm sexo.
Como devem progredir em tudo, cada sexo, como cada posição social, lhe oferece provas e deveres especiais, além da oportunidade de adquirir experiência.
Aquele que fosse sempre homem não saberia senão o que sabem os homens.
Outra informação interessante a respeito do sexo dos Espíritos é encontrada na Revista Espírita, de Allan Kardec, publicada em janeiro de 1866:
Os sexos só existem no organismo.
São necessários à reprodução dos seres materiais.
Mas os Espíritos, sendo criação de Deus, não se reproduzem uns pelos outros, razão por que os sexos seriam inúteis no Mundo Espiritual. (...)
Aos homens e às mulheres, são, assim, destinados deveres especiais, igualmente importantes na ordem das coisas; são dois elementos que se completam um pelo outro.
Na obra O Sexo Além da Morte, seu autor, R. A. Ranieri, através de desdobramentos, visita zonas da Espiritualidade em que se encontram criaturas profundamente envolvidas com problemas sexuais que lhes impedem a marcha ascensional.
Segundo suas observações, estão elas de tal forma arraigadas às práticas aberrantes e viciosas, que apresentam o perispírito totalmente deformado.
São Espíritos errantes que abusaram do sexo e que continuam, após a desencarnação, com os mesmos hábitos.
Condicionados a práticas libidinosas, vivem nos bordéis terrenos, usufruindo dos prazeres sexuais, juntamente com os encarnados com que têm afinidade, em processos obsessivos recíprocos.
Nestes Espíritos, denominados de vampiros pelo professor J. Herculano Pires, os apelos sexuais são tão intensos, que os desequilibram psiquicamente; as entidades denominadas de íncubos e súcubos
(ÍNCUBOS: seres espirituais, com características masculinas, que mantêm relações sexuais com mulheres;
no seu oposto estão os SÚCUBOS, que seduzem os homens.), responsáveis por terríveis obsessões, pertencem a essa categoria.
Na obra Sexo e Destino, ditada pelo Espírito André Luiz, através dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, temos informação da existência do Hospital-escola Almas Irmãs.
Instituição destinada a socorrer Espíritos desencarnados de todas as idades e de ambos os sexos, necessitados de reeducação sexual, está sediada em quatro quilômetros quadrados de edifícios e arruamentos, parques e jardins. É, na realidade, uma pequena cidade.
Levado pela curiosidade, o Espírito André Luiz pede informações ao instrutor Neves a respeito do Instituto.
Esclareceu, então, que a agremiação possuía uma diversidade de habitantes: desde os alienados reclusos em manicômios até os remanescentes de tragédias passionais já pacificados e de aparência hígida.
No Hospital-escola os enfermos têm, como tema central de estudos, o sexo, pesquisado e enobrecido nas inúmeras Faculdades de ensino e desdobrado em especialidades, tais como: sexo e amor; sexo e matrimônio; sexo e maternidade, sexo e estímulo, sexo e equilíbrio; sexo e medicina; sexo e evolução; sexo e penalogia.
Podemos deduzir das informações dos Espíritos que, no Além-Túmulo, continuam a atração sexual, os ciúmes e outros sentimentos, bem mais intensos entre os insensatos que cometem sua dose de insensatez antes de atingir estádios elevados de desenvolvimento.
Em Cartas de um Morto Vivo, o Espírito David Hacht depara com um desencarnado que casara duas vezes na Terra.
Estando todos desencarnados, viviam as esposas em litígio a reclamar a posse do marido que não tinha sossego. O marido, por sua vez, sentia-se, ainda, atraído pela segunda esposa e, de alguma forma, afeiçoado à primeira.
O Espírito David Hacht se torna muito amigo deste trio singular.
Conta ele que, certa feita, as esposas lhe solicitaram o arbítrio:
Com qual delas deveria o esposo ficar?
Lembrou-se, então, da resposta do Cristo aos saduceus a uma pergunta semelhante:
Quando ressuscitarem de entre os mortos, não casarão, nem serão pedidos em casamento; devem ser como anjos do Céu.
Querendo que eles entendessem que, na condição em que se encontravam, não deveria haver o sentimento de posse e nem utilizariam os órgãos sexuais com a mesma finalidade do casamento terreno.
Nos planos superiores da Espiritualidade, não existe o sexo como vulgarmente conhecemos, porém, objetivando o programa reencarnacionista, realizam-se planejamentos de uniões de almas, a fim de criar oportunidades de burilamento e progresso. Nos seus relatos, os Espíritos errantes falam dos diálogos que os futuros esposos mantêm em seus passeios pelos jardins das Colônias Espirituais a projetar as próximas encarnações.
Fonte: Espirit book-ana maria teodoro massuci
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