Desmistificando os sonhos
É bem verdade que, como já falamos em outros artigos sobre o tema de , somente o corpo dorme, pois o Espírito não fica em estado de inatividade.
Sendo assim, o que ocorre quando o corpo dorme?
Segundo o , quando o corpo repousa, o adquire mais faculdades extrafísicas do que quando está acordado. Dessa forma, quando dormimos nosso Espírito fica mais desprendido do corpo físico, adquire certa liberdade e, junto com essa liberdade, vem as potencialidades que a densidade do corpo físico não deixa transparecer.
Podemos dizer que o Espírito “adquire maior potência e pode pôr-se em comunicação com outros , quer neste mundo, quer noutro”.
Traduzindo em palavras ainda mais simples, quer dizer que ao dormirmos nosso Espírito, liberto, pode ter contatos com espíritos de outras pessoas, sejam eles espíritos de encarnados (pois pode se comunicar com outras pessoas que o corpo físico também estão adormecidos), ou de desencarnados.
“O sonho é a lembrança do que o viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. Vossos sonhos nem sempre refletem a ação da alma em seu pleno desenvolvimento; são, muitas vezes, apenas a lembrança da perturbação que experimenta à sua partida ou no seu regresso ao corpo, acrescida da relativa ao que fizestes ou do que vos preocupa quando em vigília”.
Interagindo com outros mundos e com os espíritos
Dizes freqüentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião”.
“A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas que apresenta a recordação incompleta do que nos apareceu quando sonhávamos. É como se a uma narração se truncassem frases ou trechos ao acaso. Reunidos depois, os fragmentos restantes nenhuma significação racional teriam”.
Agora ficou mais claro. Ao dormirmos, contactamos outros espíritos. Podem ser eles entes queridos desencarnados; almas afins às quais temos muito carinho, mas quando acordamos podemos julgar não conhecê-las devido aos bloqueios do acesso às memórias de vidas passadas, mas quando estamos dormindo, nosso espírito lembra.
É bem possível que tenhamos contato também com os desafetos do passado ou com espíritos zombeteiros, que nos atordoam, sugam nossa energia vital. Isso é mais frequente quando não temos o costume de fazer orações, de reenergizar o nosso corpo físico e com pensamentos e atitudes nobres.
O contato com o plano espiritual enquanto dormimos pode ter impactos importantes e a lembrança em totalidade das experiências vividas lá pode comprometer a nossa missão aqui na Terra. Nem tudo o que experienciamos lá é permitido lembrar, ainda mais se somos, ainda, ignorantes quanto ao mundo dos espíritos.
Dessa forma, é conveniente que nossa memória fique muitas vezes fragmentada. Mas as experiências valiosas que tivemos no mundo dos espíritos ficam registradas em nosso ser, e, embora não lembremos com exatidão das instruções, o nosso subconsciente traz as informações à tona no momento em que for solicitado a usá-las.
Daí quando acordamos, podemos ter aquela sensação de boa, ou aquele impulso do reflexo e em seguida a sensação de alívio por ter se livrado de um terrível pesadelo.
O que querem os desencarnados quando acessam nossos sonhos?
Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo? Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em vigília?” (O Livro dos Espíritos).
Muitas podem ser as intenções dos desencarnados que nos visitam durante o sono e ficam imprimidas a presença nos sonhos. Um aviso de uma benção ou de um perigo prestes a ocorrer; uma simples visita para aliviar a saudade; nos dar conselhos preciosos; ou nos casos de pessoas imprevidentes com sua espiritualidade, ocorrem as vampirizações, como já bem dissemos.
É de extrema importância deixar bem claro que nem sempre que sonhamos com entes queridos haverá uma mensagem importante a ser deixada; que haverá um aviso ou coisa do tipo… Os sonhos tem uma linguagem complexa e tentar buscar seu significado a todo custo é perigoso, podendo nos induzir ao erro e a conclusões fantasiosas.
Espiritismo e sonhos com desencarnados pedindo ajuda
Nós em nossos corpos físicos somos limitados. Mesmo que o espírito pedinte de ajuda esteja passando por grande aflição apenas poderemos lhe ajudar com nossas preces e emanações de amor.
Em , em suas últimas páginas teremos uma coletânea de preces que podem servir como modelo. Algumas delas destinadas para pessoas desencarnadas. Se este for o seu caso, se tem sonhado frequentemente com desencarnados pedindo ajuda, sugerimos uma consulta ao livro.
André Luiz exemplifica um caso interessante
Na obra Os Mensageiros, psicografada por Chico Xavier, André Luiz conta um caso em que uma personagem sonha com sua falecida avó:
A anciã, de olhos brilhantes e gestos decididos, abraçava-se à neta, lânguida e palidíssima.
— Nieta — exclamava a velhinha, em tom firme —, não dês tamanha importância aos obstáculos. Esquece os que te perseguem, a ninguém odeies. Conserva tua paz espiritual, acima de tudo. Tua mãe não te pode valer agora, mas crê na continuidade de nossa vida. A vovó não te esquecerá. A calúnia, Nieta, é uma serpente que ameaça o coração; entretanto, se a encararmos, fortes e tranquilas, veremos, a breve tempo, que a serpente não tem vida própria. É víbora de brinquedo a se quebrar como vidro, pelo impulso de nossas mãos. E, vencido o espantalho, em lugar da serpente, teremos conosco a flor da virtude. Não temas, querida! Não percas a sagrada oportunidade de testemunhar a compreensão de !
A jovem senhora não respondia, mas seus olhos semilúcidos estavam cheios de pranto. Demonstrava no gesto vago uma consolação divina, recostada ao seio carinhoso da devotada velhinha.
— Esta irmã se lembrará de tudo, ao despertar no corpo físico? — perguntei, intrigado, ao nosso orientador.
— A neta não vê o ambiente com precisão, nem ouve as palavras integralmente. Não esqueçamos que o desprendimento no sono físico vulgar é fragmentário e que a visão e a audição, peculiares ao encarnado, se encontram nele também restritas.
… O fenômeno, pois, é mais de união espiritual que de percepções sensoriais, propriamente ditas. A jovem está recebendo consolações positivas, de Espírito a Espírito. Não se recordará, despertando nos véus materiais mais grosseiros, de todas as minúcias deste venturoso encontro que acabamos de presenciar. Acordará, porém, encorajada e bem-disposta, sem poder identificar a causa da restauração do bom ânimo.
… Dirá que sonhou com a avó num lugar onde havia muita gente, sem recordar as minudências do fato, acrescentando que viu, no sonho, uma cobra ameaçadora, que logo se transformou em serpente de vidro, quebrando-se ao impulso de suas mãos, para transformar-se em perfumosa flor, da qual ainda conserva a lembrança agradável do aroma. Afirmará que soberano conforto lhe invadiu a alma e, no fundo, compreenderá a mensagem consoladora que lhe foi concedida.
— Não se lembrará, contudo, das palavras ouvidas? — indagou Vicente, curioso.
— Precisaria ter adquirido profunda lucidez no campo da existência física — prosseguiu Aniceto, explicando — e devo esclarecer que recordará as imagens simbólicas da víbora e da flor, porque está em relação magnética com a veneranda avozinha, recebendo-lhe a emissão de pensamentos positivos. A benfeitora não fala apenas. Está pensando fortemente também.
… A neta, todavia, não está ouvindo ou vendo pelo processo comum, mas está percebendo claramente a criação mental da anciã amiga, e dará notícia exata dos símbolos entrevistos e arquivados na memória real e profunda. Desse modo, não terá dificuldade para informar-se quanto à essência do que a bondosa avó deseja transmitir-lhe ao coração sofredor, compreendendo que a calúnia, quando fere uma consciência tranquila, não passa de serpente mentirosa, a transformar-se em flor de virtude nova, quando enfrentada com o valor duma coragem serena e cristã.
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