4.1.13

Aprendendo a Viver # Clarice Lispector


“Na realidade, o que nos impede, na maioria das vezes, de ter o que queremos, ser o que sonhamos, fazer o que pensamos e aceitar com o coração é a ousadia que não cultivamos.

A ousadia, geralmente, é escrava do medo… Quantas vezes perdemos a oportunidade de sermos felizes pelo medo de ter a ousadia de amar…

Medo de ousar porque o objeto do amor era mais bonito, mais rico, mais jovem, mais velho, mais culto, menos culto… e aí… o tempo passou e o agora também…

Quantas vezes perdemos a oportunidade de realizar um grande sonho, por não ter a coragem de ousar, de arriscar, deixando para depois ou para mais tarde o que deveria ser naquele agora…

Quantas vezes não pronunciamos, no momento oportuno, as palavras que gostaríamos de dizer pelo medo de parecermos ridículo e imaturos…

Quantas vezes ficamos, porque temos medo de partir…

Quantas vezes dizemos baixinho o que, na realidade, gostaríamos de gritar…

Quantos agoras perdemos esquecendo que o riso pode ser a salvação de muitas alegrias de nossas vidas…

O medo que nos impede de ser ousados no agora, também está nos impedindo de ver a linda pessoa que podemos ser…”

Clarice Lispector, em sua crônica Aprendendo a Viver





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