quarta-feira, 21 de dezembro de 2016

AS OITO CHAVES DA PAZ.

A paz é a mais elevada das virtudes. 

É o anseio secreto de todos os seres. 

Ela é uma profunda aceitação daquilo que é. 

É não se opor a nada ou ninguém. 

A paz brota da entrega: você entrega todos os seus problemas à Deus e deixa que o fluxo da vida a leve. 

Entregar significa não pensar mais a respeito. 

Você relaxa e sente autoconfiança. 

Para isso, é preciso abrir mão do controle. 

A paz, portanto, nasce de um profundo confiar.

Olhando para trás, revendo a minha história pessoal, vejo que a minha busca pela paz começou quando ainda era muito jovem. 

Antes mesmo da adolescência, entrei numa escola de conhecimentos espirituais. 

Certa vez, um professor disse: “As pessoas se autodenominam humanas, mas na verdade, são humanóides – criaturas com cérebro grande e duas pernas que se passam por seres humanos. 

Na condição atual as pessoas são incapazes de perceber o que realmente precisam. 

Acreditam que serão felizes se obtiverem este ou aquele objeto ou título, mas toda essa ganância somente mostra que são ainda muito imaturos para entenderem que a verdadeira felicidade somente nasce da paz no coração e na mente.” Quando eu ouvi isso, pensei: “Será que ele está se referindo a mim?”

Até aquele ponto, tudo indicava que a paz poderia ser atingida somente através do domínio sobre a matéria. 

E, de repente, ouvir essa devastadora crítica sobre a humanidade, e perceber nas profundezas do meu coração que isso era verdade, foi como um nocaute. Mas, esse ensinamento abriu as portas da verdade para mim.

Eu pude perceber que a vida frequentemente se resumia em uma eterna tentativa de forçar o outro a nos amar, e que podemos desperdiçar uma vida inteira nessa busca inútil. 

Uma vez que, no mais profundo, você sabe que amor forçado não é amor, facilmente você encontra razões para lamentar que não é amado. 

Com isso, você se distrai e se desvia ainda mais do objetivo de atingir a paz interior.

Eu compreendi que a paz duradoura somente pode ser alcançada quando você se liberta da necessidade de receber amor exclusivo, pois esta é a fonte de todo o sofrimento. 

Eu diria que essa é a principal doença da humanidade. 

Daí nasce o pensar compulsivo e todos os outros desdobramentos. 

O sofrimento é o principal enigma da humanidade. 

Este é o principal desafio: como superar o sofrimento? 

Como superar a dor em todas as suas manifestações? 

Em outras palavras, como alcançar a paz?

Através da minha experiência, no trilhar do Caminho do Coração, eu descobri algumas chaves que abrem as portas para o despertar da paz interior, as quais eu compartilho com você agora:

Primeira chave: Silêncio.

O silêncio é uma forma de bater na porta do salão da verdade. 

Ele é a base que te prepara para qualquer prática; é o alicerce do edifício da consciência. 

Tudo que é belo e verdadeiro nasce do silêncio.

Um instante de silêncio é suficiente para exorcizar todos os demônios, porque os demônios são os pensamentos. 

Se existe um pensamento compulsivo constantemente assombrando a sua mente, é porque você deu muita atenção a ele, ou seja, você o alimentou acreditando nele. 

Mas, ao aquietar a mente, todos os fantasmas desaparecem. 

Não importa quão antiga seja a escuridão, uma pequena fresta de luz dissipa toda escuridão porque ela é somente a ausência de luz. 

O silêncio invoca a luz. Quando a mente se acalma, tudo se acalma.

O preço para a realização espiritual é a solidão. 

Em algum momento você vai ter que encarar a si próprio. 
Por isso é fundamental aprender a ficar sozinho e em silêncio. 

Você também pode chamar esta prática de meditação. 

Mas, eu não quero que você se perca no labirinto das idéias e conceitos, na ginástica do intelecto. 

Permita-se apenas ficar retirado e em silêncio, observando a grama crescer. 

Abandone toda a pressa e todo o desejo de chegar a algum lugar. 

Feche os olhos e focalize no ponto entre as sobrancelhas. 

Brinque de cultivar o silêncio.

Segunda chave: Verdade.

Falar a verdade não quer dizer que você vai sair por aí dizendo aos outros tudo o que pensa ser verdade, desconsiderando o fato do outro não estar pronto para ouvi-la, o que pode gerar mais conflito, mais guerra. 

Seguir a verdade significa ouvir o chamado do seu coração.

Se ainda há desconforto e sofrimento na sua vida, significa que ainda há uma camada de mentira te envolvendo. 

Seja corajoso para encarar suas mentiras.
Sem coragem você não será capaz de encarar a verdade. 

Procure identificar quando você ainda não pode ser honesto com você mesmo e com a vida; quando você tem que usar uma máscara e não pode ser autêntico e espontâneo; quando você tem que fingir que é diferente do que é. 

Dê uma olhada nas diversas áreas da sua vida. 
Você terá algum trabalho, mas é um bom trabalho. 

Lembre-se que “a verdade vos libertará”.

Terceira chave: Ação Correta.

Isso não tem nada a ver com moralismo. 

A ação correta, ou ação consciente, não se baseia no que está fora, ou seja, não depende da aprovação do mundo externo. 

Não é seguir um manual com regras sobre o que está certo ou errado. 

É uma ação determinada pela intuição, que é a voz do silêncio. 

É ter coragem de ser você mesmo, autêntico e espontâneo. 

Agir conscientemente significa colocar o amor em movimento, ou seja, trilhar o Caminho do Coração.

Quarta chave: Não Violência.

A não violência é a ação sem ego. 

É a atitude não contaminada pela vingança e pelo ódio. 

É não dar passagem para a maldade que provoca sofrimento no outro, não importa em qual nível.

A não violência ou ahimsa, como é conhecida na tradição do hinduísmo, não é cruzar os braços e ficar esperando que as coisas aconteçam. 

Ela, muitas vezes, envolve ação, atitude. 

Mas, é uma ação que nasce do coração – é espontânea e sempre vem com sabedoria e compaixão. 

Não é o ódio ou o medo se manifestando.

Eu mesmo já questionei o poder de ahimsa. 

Parece que só deu certo com Gandhi, na Índia. 

Mas, não é verdade. Ahimsa é o remédio que esse planeta precisa. 

A compaixão é o remédio e ahimsa é compaixão.

Quinta chave: Amor Consciente

Eu uso esta palavra ‘consciente’, porque a palavra amor foi degenerada. 

Nós demos a ela tantos outros significados que não têm nada a ver com a sua essência. 

Para o senso comum, o amor está ligado ao egoísmo, a uma satisfação pessoal. 

Ele é confundido com a paixão, com o sexo e até mesmo com o ódio. 

Isso acontece de uma forma inconsciente: a entidade acredita estar amando porque não tem consciência do que é amor.

Não é possível definir o amor com palavras, mas eu posso dizer que amar inclui um desejo sincero de que o outro seja feliz. Inclui ver o potencial adormecido no outro e dar força para ele acordar. 

É querer ver o outro feliz sem querer absolutamente nada em troca. 

Em última instância, amar conscientemente significa amar desinteressadamente.

Mas, para que possa utilizar essa chave se faz necessário que você reconheça o seu desamor. 

Procure identificar em quais situações e com quem você ainda não pode ser amoroso. 

Aonde e com quem o seu amor não flui livremente? 

Em que situações o seu coração se fecha? 

Aí há uma pista para você. Vá atrás dessa pista e você descobrirá muito sobre si mesmo. 

Essa é uma forma de trazer paz para esse mundo: aprendendo a ser amigo do seu irmão; amigo do seu vizinho. 

Aprender a não julgar os erros do outro. 

Antes de levantar o seu dedo para acusar o outro, olhe para si mesmo, e pergunte: “Será que eu não tenho um defeito igual, ou outros até piores?” 

“Será que o meu vizinho não tem nada de bom para eu focar a minha atenção?” 

Comece a focar no bom que o outro tem. Essa é sua grande missão.

Sexta chave: Presença.

Estar presente significa estar total na ação. 

É lembrar-se de si mesmo a cada instante. 

Quando você pode experienciar a presença, a sua energia cresce e você percebe o amor passando por você. 

Se puder sustentar esse estado de alerta, você terá a percepção de que tudo é sagrado, e a partir dessa percepção, poderá expandir sua energia conscientemente na direção do outro.

Eu sugiro uma prática bem simples para o seu dia a dia. 

Habitue-se a perguntar: Onde estou? O que estou fazendo? 

Permita-se parar, apenas por alguns segundos, absolutamente tudo o que você está fazendo. 

No meio da ação, pare e pergunte-se: 

Quem está fazendo? 

Assim você interrompe a imaginação e volta para o seu corpo, para a presença, para a totalidade na ação. Esse é o caminho.

A presença é a chave mestra. 

Mas, porque não vamos diretamente para ela? 

Porque nem todos estão prontos para usufruir dela. 

Poucos estão maduros para abandonar o pensar compulsivo, já que isso lhes dá um senso de identidade. 

Então, em muitos casos, é necessário um trabalho de purificação, que é este trabalho de transformação do “eu inferior”, para que você esteja pronto para ancorar a presença. 

Para isso, o corpo é o portal. 
Sinta-se ocupando o corpo. 
Sinta seu campo de energia e mova-se a partir dessa percepção.

Sétima chave: Serviço Desinteressado.

Servir desinteressadamente significa colocar seus dons e talentos a serviço do amor. 

É quando você pode se doar verdadeiramente ao outro, sem máscaras, sem necessidade de agradar ou fazer o que é certo com a intenção de ser recompensado. 

O único objetivo é ver o outro bilhar. 

Você se torna o amor que se move em direção à construção.

Acordar pela manhã, consciente de que está acordando para servir, ilumina a alegria de viver. 

Naturalmente, a consciência do serviço aumenta a conexão com o divino, porque, por mais que cada um tenha seus talentos e dons individuais, ou seja, uma forma particular na qual o amor se expressa através de você – é o próprio amor que está se expressando. 

No serviço, você se torna um canal do amor. 

Por isso, eu digo que o serviço é uma forma de manter a chama da conexão acesa. 

O amor e a felicidade passam por você para chegar ao outro, não importa o que você esteja fazendo, se está cuidando do jardim, construindo uma casa, cozinhando, cuidando de uma empresa ou de uma pessoa.

Oitava chave: Lembrança Constante de Deus.

Lembre-se de que Deus está em tudo: dentro, acima, abaixo, dos lados – em todos os lugares. 

Ele é a vida única que age em todos os corpos e é o seu Eu Real. 

Essa percepção de que tudo é Um e de que a energia espiritual se manifesta em todas as formas de vida, promove um profundo contentamento. 

Não há palavras para descrever essa experiência, ela só pode ser vivida. 

A sua vida se transforma numa prece, numa oferenda a Deus. Pode passar um tsunami, mas você não se esquece de Deus. 

Pouco a pouco, a sua fé se torna constante e inabalável, até que possa sustentar a eterna conexão com Deus.

A partir dessa conexão, você olha para o outro e enxerga além das aparências, porque você vê somente Deus e assim pode reverenciá-lo. 

Este é um sincero namastê: a divindade que está em mim saúda a divindade que está em ti.

Se verdadeiramente utilizar essas oito chaves na sua vida, inevitavelmente você irá experienciar a paz. 

Essa é a minha experiência.

Durante a fase do desenvolvimento da consciência que eu chamo de “ABC da Espiritualidade” ou purificação do “eu inferior”, muitas vezes, descobrimos verdades pouco agradáveis sobre nós mesmos. 

Durante esse processo, enfrentamos obstáculos que precisam ser removidos. 

Aos poucos, nós aprendemos a identificá-los e removê-los e, ao removermos aquilo que não nos serve mais, podemos nos tornar canais do amor divino, para que ele flua livremente através de nós.

Nilza Garcia

(Trecho extraído do livro “Transitando do Sofrimento para a Alegria” de Sri Prem Baba)

Fonte:

domingo, 18 de dezembro de 2016

COMEMOREMOS O NATAL

E todo ano o Natal chega, novamente... 

Há quem diga artificiais e inúteis as comemorações natalinas. 


Se mal compreendidas e mal feitas, sim, pelos excessos no comer e beber, saudações apenas formais e presentes interesseiros ou vaidosos. 


Dia, mês e ano do Natal não estão certos? 


O Natal é uma convenção humana? 


Que importa? 


Um dia, Jesus nasceu, veio à Terra, encarnou, a mando de Deus e por amor a nós, seus irmãos menores. 


Na época natalina, aproveitando a sugestão do calendário terreno, espíritos benévolos convidam ao amor maior, inundam o ambiente espiritual terreno de sons e imagens superiores, estimulam atividades que favorecem otimismo e a fraternidade. 


Em cada um de nós, a onda do Bem anseia por eclodir. 


Aproveitemos o anseio de renovação que todos os anos, nessa época, se repete, mas que, mais do que nunca, é premente em nós. 


Esforcemo-nos por compreender e sentir a mensagem sublime de Jesus. 


Deixemo-nos envolver no verdadeiro clima do Natal, cheio de perdão, ternura e amizade. 


Alistemo-nos nas legiões que confiam na vitória do Bem. 


Unamos as nossas, as vozes dos que cantam o estribilho imortal: unir, recompor, construir, elevar! 


Movendo-se então, na paisagem espiritual da humanidade, o Mestre enfim encontrará abrigo em nosso coração, as condições de união e vivência do clima fraternal. 


E, enfim, nascerá em nós esse Cristo divino! 


O Natal será novo, o Messias o mesmo: Jesus de Nazaré, o verbo divino que, um dia se fez carne e habitou entre nós, como simbolicamente nos diz João Evangelista. 


Ou como nos dizem os bons Espíritos, o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem para lhe servir de guia e modelo. 

(O Livro dos Espíritos, 625) 

Nasça Jesus em nossos corações e, com ele em nós, façamos nascer ao nosso redor um mundo novo de paz e de amor.



Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” | Campinas/SP




FIDELIDADE ESPÍRITA







sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Anjos da guarda existem? | Por Divaldo Franco

Os anjos guardiães são embaixadores de Deus, mantendo acesa a chama da fé nos corações e auxiliando os enfraquecidos na luta terrestre.


Quais estrelas formosas, iluminam as noites das almas e atendem-lhes as necessidades com unção e devotamento inigualáveis.

Perseveram ao lado dos seus tutelados em toda circunstância, jamais se impacientando ou os abandonando, mesmo quando eles, em desequilíbrio, vociferam e atiram-se aos despenhadeiros da alucinação.

Vigilantes, utilizam-se de cada ensejo para instruir e educar, orientando com segurança na marcha de ascensão.

Envolvem os pupilos em ternura incomum, mas não anuem com seus erros, admoestando com severidade quando necessário, a fim de lhes criarem hábitos saudáveis e conduta moral correta.

São sábios e evoluídos, encontrando-se em perfeita sintonia com o pensamento divino, que buscam transmitir, de modo que as criaturas se integrem psiquicamente na harmonia geral que vige no Cosmo.


Trabalham infatigavelmente pelo Bem, no qual confiam com absoluta fidelidade, infundindo coragem àqueles que protegem, mantendo a assistência em qualquer circunstância, na glória ou no fracasso, nos momentos de elevação moral e naquele outros de perturbação e vulgaridade.

Nunca censuram, porque a sua é a missão de edificar as almas no amor, preservando o livre-arbítrio de cada uma, levantando-as após a queda, e permanecendo leais até que alcancem a meta da sua evolução.

Os anjos guardiães são lições vivas de amor, que nunca se cansam, porquanto aplicam milênios do tempo terrestre auxiliando aqueles que lhes são confiados, sem se imporem nem lhes entorpecerem a liberdade de escolha.

Constituem a casta dos Espíritos Nobres que cooperam para o progresso da humanidade e da Terra, trabalhando com afinco para alcançar as metas que anelam.

Cada criatura, no mundo, encontra-se vinculada a um anjo guardião, em quem pode e deve buscar inspiração, auscultando-o e deixando-se por ele conduzir em nome da Consciência Cósmica.

Tem cuidado para que te não afastes psiquicamente do teu anjo guardião.

Ele jamais se aparta do seu protegido, mas este, por presunção ou ignorância, rompe os laços de ligação emocional e mental, debandando da rota libertadora.

Quando erres e experimentes a solidão, refaze o passo e busca-o pelo pensamento em oração, partindo de imediato para a ação edificante.

Quando alcances as cumeadas do êxito, recorda-o, feliz com o teu sucesso, no entanto preservando-te do orgulho, dos perigos das facilidades terrestres.

Na enfermidade, procura ouvi-lo interiormente sugerindo-te bom ânimo e equilíbrio.

Na saúde, mantém o intercâmbio, canalizando tuas forças para as atividades enobrecedoras.

Muitas vezes sentirás a tentação de desvairar, mudando de rumo. Mantém-te atento e supera a maléfica inspiração.

O teu anjo guardião não poderá impedir que os Espíritos perturbadores se acerquem de ti, especialmente se atraídos pelos teus pensamentos e atos, em razão do teu passado, ou invejando as tuas realizações... Todavia te induzirão ao amor, a fim de que te eleves e os ajudes, afastando-os do mal em que se comprazem.

O teu anjo guardião é o teu mestre e amigo mais próximo.

Imana-te a ele.

Entre eles, os anjos guardiães e Deus, encontra-se Jesus, o Guia perfeito da humanidade.

Medita nas Suas lições e busca seguir-Lhe as diretrizes, a fim de que o teu anjo guardião te conduza ao aprisco que Jesus levará ao Pai Amoroso.


Divaldo Franco por Joanna de Angelis


Blog Meu Livro Espírita

quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Em que momento a alma se une ao corpo?

— A união começa na concepção, mas não se completa senão no momento do nascimento. 

Desde o momento da concepção, o Espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico, que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz; o grito que então se escapa de seus lábios anuncia que a criança entrou para o número dos vivos e dos servos de Deus.

A união entre o Espírito e o corpo é definitiva desde o momento da concepção? 

Durante esse primeiro período, o Espírito poderia renunciar a tomar o corpo que lhe foi designado?

— A união é definitiva no sentido de que outro Espírito não poderia substituir o que foi designado para o corpo; mas, como os laços que o prendem são muito frágeis, fáceis de romper, podem ser rompidos pela vontade do Espírito que recua ante a prova escolhida. Nesse caso, a criança não vinga.

Que acontece ao Espírito, se o corpo que ele escolheu morrer antes de nascer?

— Escolhe outro.

Qual pode ser a utilidade dessas mortes prematuras?

—As imperfeições da matéria, na maioria das vezes, são a causa dessas mortes.

Que utilidade pode ter para um Espírito a sua encarnação num corpo que morre poucos dias depois de nascer?

— O ser ainda não tem consciência bastante desenvolvida da sua existência; a importância da morte é quase nula; frequentemente, como já dissemos, trata-se de uma prova para os pais.

O Espírito sabe, com antecedência, que o corpo por ele escolhido não tem possibilidade de viver?

— Sabe, algumas vezes; mas, se o escolheu por esse motivo, é que recua ante a prova.

Quando falha uma encarnação para o Espírito, por uma causa qualquer, é ela suprida imediatamente por outra existência?

— Nem sempre imediatamente; o Espírito necessita de tempo para escolher de novo, a menos que a reencarnação instantânea decorra de uma determinação anterior.

O Espírito, uma vez unido ao corpo da criança, e não podendo mais retroceder, lamenta algumas vezes a escolha feita?

— Queres perguntar se, como homem, ele se queixa da vida que tem? 

Se desejaria outra? Sim. 

Se lamenta a escolha feita? Não, porque não sabe que a escolheu. 

O Espírito, uma vez encarnado, não pode lamentar uma escolha de que não tem consciência, mas pode achar muito pesada a carga. 

E, se a considera acima de suas forças, é então que recorre ao suicídio.

No intervalo da concepção ao nascimento, o Espírito goza de todas as suas faculdades? 

— Mais ou menos, segundo a fase, porque não está ainda encarnado, mas ligado ao corpo. 
Desde o instante da concepção, a perturbação começa a envolver o Espírito, advertido, assim, de que chegou o momento de tomar uma nova existência; essa perturbação vai crescendo até o nascimento. 

Nesse intervalo, seu estado é mais ou menos o de um Espírito encarnado, durante o sono do corpo. 

A medida que o momento do nascimento se aproxima, suas ideias se apagam, assim como a lembrança do passado se apaga desde que entrou na vida. 

Mas essa lembrança lhe volta pouco a pouco à memória, no seu estado de Espírito.

No momento do nascimento, o Espírito recobra imediatamente a plenitude de suas faculdades?

— Não: elas se desenvolvem gradualmente com os órgãos. 

Ele se encontra numa nova existência; é preciso que aprenda a se servir dos seus instrumentos; as ideias lhe voltam pouco a pouco, como a um homem que acorda e se encontra numa posição diferente da que ocupava antes de dormir.

A união do Espírito com o corpo não estando completa e definidamente consumada, senão depois do nascimento, pode considerar-se o feto como tendo uma alma?

— O Espírito que deve animar existe, de qualquer maneira, fora dele. 

Propriamente falando, ele não tem uma alma, pois a encarnação está apenas em vias de se realizar, mas está ligado à alma que deve possuir.

Como se explica a vida intrauterina?

— E a da planta que vegeta. 

A criança vive a vida animal. 

O homem possui em si a vida animal e a vida vegetal, que completa, ao nascer, com a vida espiritual.

Há, como o indica a Ciência, crianças que desde o ventre da mãe não têm possibilidades de viver? E com que fim acontece isso?

— Isso acontece frequentemente, e Deus o permite como prova, seja para os pais, seja para o Espírito destinado a encarnar.

Há crianças natimortas que não foram destinadas à encarnação de um Espírito?

— Sim, há as que jamais tiveram um Espírito destinado aos seus corpos: nada devia cumprir-se nela. 

É somente pelos pais que essa criança nasce.

Um ser dessa natureza pode chegar ao tempo norma! De nascimento?

— Sim, algumas vezes, mas então não vive.            

Toda criança que sobrevive tem, portanto, necessariamente, um Espírito encarnado em si?

— Que seria ela, sem o Espírito? Não seria um ser humano.

Quais são, para o Espírito, as consequências do aborto?

— Uma existência nula e a recomeçar.

O aborto provocado é um crime, qualquer que seja a época da concepção? 

— Há sempre crime quando se transgride a lei de Deus. 

A mãe ou qualquer pessoa cometerá sempre um crime ao tirar a vida à criança antes do seu nascimento, porque isso é impedir a alma de passar pelas provas de que o corpo devia ser o instrumento.

No caso em que a vida da mãe estaria em perigo pelo nascimento da criança, há crime em sacrificar a criança para salvar a mãe?

—É preferível sacrificar o ser que não existe a sacrificar o que existe.

E racional ter pelos fetos o mesmo respeito que se tem pelo corpo de uma criança que tivesse vivido?

— Em tudo isto vede a vontade de Deus e a sua obra, e não trateis levianamente as coisas que deveis respeitar. 

Por que não respeitar as obras da criação, que, às vezes, são incompletas pela vontade do Criador? 

Isso pertence aos seus desígnios, que ninguém é chamado a julgar.


FONTE:" O LIVRO DOS ESPÍRITOS" ALLAN KARDEC

Fonte:

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A visão espirita sobre o tabagismo

Os efeitos nocivos do fumo transpõem os níveis puramente físicos, atingindo o envoltório sutil e vibratório que modela, vivifica e abastece o organismo humano, denominado perispírito ou corpo espiritual. 

O perispírito, na região correspondente ao sistema respiratório, fica, graças ao fumo, impregnado e saturado de partículas semi materiais nocivas que absorvem vitalidade, prejudicando o fluxo normal das energias espirituais sustentadoras, as quais, através dele, se condensam para abastecer o corpo físico. 

O fumo não só introduz impurezas no perispírito - que são visíveis aos médiuns videntes, à semelhança de manchas, formadas de pigmentos escuros, envolvendo os órgãos mais atingidos, como os pulmões —, mas também amortece as vibrações mais delicadas, bloqueando-as, tornando o homem até certo ponto insensível aos envolvimentos espirituais de entidades amigas e protetoras. 

Após o desencarne, os resultados do vício do fumo são desastrosos, pois provocam uma espécie de paralisia e insensibilidade aos trabalhos dos espíritos socorristas por longo período, como se permanecesse num estado de inconsciência e incomunicabilidade, ficando o desencarnado prejudicado no recebimento do auxílio espiritual. 

Numa entrevista dada ao jornalista Fernando Worm (publicada na Folha Espirita, agosto de 1978, ano V, n° 53), Emmanuel, através de Chico Xavier, responde às seguintes perguntas: 

F.W. A ação negativa do cigarro sobre o perispírito do fumante prossegue após a morte do corpo físico? Até quando? 

Emmanuel: O problema da dependência continua até que a impregnação dos agentes tóxicos nos tecidos sutis do corpo espiritual ceda lugar à normalidade do envoltório perispiritual, o que, na maioria das vezes, tem a duração do tempo em que o hábito perdurou na existência física do fumante. 
Quando a vontade do interessado não está suficientemente desenvolvida para arredar de si o costume inconveniente, o tratamento dele, no Mundo Espiritual, ainda exige quotas diárias de sucedâneos dos cigarros comuns, com ingredientes análogos aos dos cigarros terrestres, cuja administração ao paciente diminui gradativamente, até que ele consiga viver sem qualquer dependência do fumo. 

F.W. Como descreveria a ação dos componentes do cigarro no perispírito de quem fuma? 

Emmanuel: As sensações do fumante inveterado, no Mais Além, são naturalmente as da angustiosa sede de recursos tóxicos a que se habituou no Plano Físico, de tal modo obcecante que as melhores lições e surpresas da Vida Maior lhe passam quase que inteiramente despercebidas, até que se lhe normalizem as percepções. 

O assunto, no entanto, com relação à saúde corpórea, deveria ser estudado na Terra mais atentamente, já que a resistência orgânica decresce consideravelmente com o hábito de fumar, favorecendo a instalação de moléstias que poderiam ser claramente evitáveis. 

A necropsia do corpo cadaverizado de um fumante em confronto com o de uma pessoa 
sem esse hábito estabelece clara diferença.

Ana maria teodoro massuci 


Fonte:

"VINHAS DE LUZ"