Existe pecado? Caso exista, o que seria o pecado?
Não existe pecado dentro do significado religioso do termo.
O que se denomina de pecado nas religiões é quebrar alguma regra imposta pela religião. Por exemplo, fazer sexo antes de casamento, ou divorciar-se, ou blasfemar contra o sagrado etc.
O pecado então seria algo malvisto por Deus, e dessa forma, Deus inflige algum castigo para o pecador, criando algum sofrimento para ele. Nesse sentido, pecado não existe.
Do ponto de vista espiritual, sob uma perspectiva mais profunda, pecado é simplesmente ir contra Deus.
Aquele que está de alguma forma de opondo a inteligência suprema está vivendo em pecado.
Qualquer violação das leis divinas, entendidas aqui como a harmonia de todas as coisas, pode ser considerado pecado.
Pecado é estar em desarmonia com a natureza, com a vida e com o universo.
E viver fora do pecado seria o oposto: viver em total harmonia com a vida, com a natureza, com o universo e consigo mesmo.
Assim, pecado é estar em descompasso com todas as coisas.
É romper com a ordem cósmica e viver fora do fluxo natural da vida. Por exemplo, comer demais seria viver em pecado, pois estamos consumindo alimentos mais do que nosso organismo necessita e aguenta.
Fumar seria pecado, pois estamos ingerindo uma fumaça tóxica com substâncias que criam uma desarmonia e doenças em nosso organismo.
Viver num casamento sem amor, apenas de aparências, seria também viver no pecado, pois para que possamos ser felizes, não podemos viver num casamento de mentiras e aparências.
Mentir seria pecado, pois não estamos dizendo a verdade.
Tentar impor alguma coisa a alguém é pecado, pois não estamos permitindo que a pessoa decida por si mesma, de acordo com sua consciência.
Tentar projetar uma imagem falsa do que somos seria viver em pecado, pois estamos vivendo em desarmonia com o que somos, criando ilusões que estão igualmente em desarmonia com a realidade.
Viver ansioso esperando algo ocorrer seria viver no pecado, pois deixamos no viver em harmonia com o momento presente, para vivermos no futuro, algo que ainda não ocorreu; algo sem realidade.
Destruir a natureza é viver em desarmonia com a vida, pois sem a natureza o ser humano não pode se alimentar, viver e permanecer nesse mundo.
Esses exemplos poderiam ser estendidos ad infinitum, posto que o ser humano vive quase exclusivamente nessa condição de “pecado”.
No entanto, quando fazemos essas afirmações, não é nosso objetivo que as pessoas fiquem tristes, desanimadas, se sentindo as “erradas”, ou sentindo que são más.
Ficar se martirizando só aumenta nossa carga, nossas cobranças e cria uma paralisia em nossa caminhada.
É necessário apenas que o ser humano compreenda a sua condição atual para que dela possa se libertar.
Uma pessoa que descobre estar encarcerada numa penitenciária pode ficar triste por reconhecer sua condição, mas é necessário que ela se dê conta do seu estado atual para que possa supera-lo.
Os espíritos encarnados na matéria estão de fato vivendo em desarmonia com a vida e com a inteligência do universo, no entanto, eles podem reaver essa harmonia a qualquer momento.
Imagine um rio que flui na direção para o mar.
O ser humano resolve então que ele não deseja ir para o mar, mas ele decide que irá para outro lugar, pois gosta mais desse outro local.
Então, ele pega um barco e começa a remar contra a correnteza.
O que acontecerá com essa pessoa?
Logo ela vai se cansar, vai desanimar e vai descobrir que pode não estar no caminho certo.
O ser humano age assim no mundo…
ele vive remando contra a corrente…
a corrente que simboliza a harmonia e o fluxo da vida.
Justamente por remar contra a corrente, ele cai, perde, vive em desespero e em amarguras… criando o seu próprio sofrimento.
O universo tem uma harmonia…
e lutar contra essa harmonia é viver no pecado…
é remar contra a corrente…
é quebrar a ordem das coisas…
é sentir que nada está separado de nada, pois tudo é uma unidade indissociável…
é romper com o fluxo incessante da vida.
O objetivo do ser encarnado é, pois, resgatar essa harmonia perdida, e somente assim, ele poderá voltar a ser feliz e a viver em paz profunda.
(Hugo Lapa)
Do livro: Luminosofia: perguntas e respostas.
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