sábado, 12 de março de 2011

Origem e Ritos da Umbanda

Por Pai Alexandre Falasco (Portal Giras de Umbanda)

A Umbanda.

A origem de uma religião 100% brasileira.

Não se pode negar que a Religião de Umbanda nasceu da mistura de diversas crenças, vindas de outras religiões. Talvez por isso a Umbanda seja a religião que recebe a todos, sem discriminações, principalmente de credo religioso, muito ao contrário do que acontece com o umbandista quando este é recebido por outras religiões, mas não vamos falar disso aqui.

O importante mesmo é termos total consciência de que a Umbanda veio da cultura afro, somada aos costumes indígenas tupiniquins, além é claro do sincretismo católico, este último uma mistura de amor e imposição. Claro que ainda existem influências orientais, cardecistas, místicas, uma verdadeira miscelânea de culturas.

Na minha opinião, a mais forte destas influências é do Candomblé, e tenho muito orgulho de afirmar isso, pois apesar de a Umbanda ter nascido a pouco mais de 100 anos (primeiro registro oficial), sua raiz africada é milenar.

Pai Zélio Fernandino de Moraes foi quem registrou em cartório a primeira tenda Umbandista em 1908, sua casa, a Tenda de Umbanda Nossa Senhora da Piedade, não tocava atabaques, mas estes instrumentos do Candomblé foram incorporados a religião e hoje é difícil encontrar terreiro de Umbanda que não os possua em seus rituais. De onde veio isso?

Com certeza, esta influência veio de nossos queridos Pretos Velhos, entidades que se manifestam na Umbanda e que foram em vida, escravos de tempos antigos em nosso País.

Estes negros escravos, trazidos da África eram adeptos do Candomblé, de diversas nações diferentes, e a Umbanda, ainda sem um código específico e singular, administra seus templos individualmente através das orientações de seus guias patronos, ou seja, quem determina certos fundamentos em uma casa de umbanda é o guia espiritual chefe desta casa, daí a forte influencia dos rituais de nação trazidos por nossos queridos Pretos Velhos.

Outra prova desta forte influencia e que também explica a entrada da cultura européia através da romana religião Católica, é o sincretismo dos Orixás (que vieram da África) com os santos católicos. Isso acontece simplesmente porque nossos antepassados negros, enquanto escravos, não podiam adorar Orixás e portanto adoravam santos católicos para não contrariar seus senhores, mas na verdade, quando um negro rezava para São Gerônimo por exemplo, estava em seu íntimo louvando a Xangô.


A religião de Pai Zélio, que completou 100 anos em 2008 é uma mistura de crenças, ainda em formação, e tomara que continue assim, pois a evolução humana não deve parar nunca, nunca devemos dizer que já sabemos de tudo e que isso é assim e assado. Tomara que a Umbanda continue evoluindo ainda mais e continue acima de tudo, uma religião eclética, sem preconceitos.

A caridade é o principal fundamento.

A ritualística de Umbanda é bastante vasta, vem sendo passada de pai para filho dentro da religião mas principalmente, vem sendo moldada pela orientação de nossos mentores espirituais, mas o principal objetivo é sem dúvida a caridade através dos atendimentos realizados por estes mesmos mentores.

Através da incorporação mediúnica, entidades espirituais muito mais evoluidas do que nós encarnados, vem prestar uma espécie de socorro as pessoas que recorrem aos diversos centros de Umbanda espalhados pelo País.

A forma que se realizam estes rituais difere um pouco de um templo para outro, justamente pelo fato de que cada casa possui seus fundamentos próprios, passados pelos seus mentores espirituais, mas em síntese ocorrem os mesmos preceitos.

O Terreiro é dividido em duas partes, o congá onde ficam os médiuns que irão trabalhar incorporados juntamente com os que irão auxiliar como cambonos e a assistência, onde se acomodam as pessoas que vem em busca deste atendimento.

A ritualística de abertura de uma Gira de Umbanda basicamente é composta de danças para os Orixás, cantos de melodias chamadas por nós de pontos cantados, defumações com ervas especiais e orações, inclusive as orações cristãs, como o Pai Nosso e a Ave Maria.

Ou seja, dentro da ritualística umbandista também se vê com clareza a mistura que compõem esta maravilhosa religião. Os atabaques e outros instrumentos comuns nos cultos aos Orixás se somam a práticas mais familiares aos cultos católicos, mas o culto aos Orixás sempre predomina, em muitos casos o Padê para o Orixá Exú, precede todas as giras, e isso é fundamento herdado do Candomblé que tem efeito prático no resultado das seções.

Este Padê consiste em cantar pontos para Exú e em seguida levar uma oferenda (ebó) até a canjira, que é o assentamento do Orixá na casa e fica do lado de fora do terreiro. Na prática, este ritual é um pedido para que Exú cuide da porteira e evite assim intromissões de espíritos menos evoluídos no trabalho, o chamado "descarrego".

Após estas louvações, rezas e pedidos, se chama em terra a entidade chefe do terreiro que irá incorporar no Zelador de Santo, o dirigente do terreiro, para tanto são entoadas cantigas especiais e próprias da entidade que virá trabalhar neste dia.

O guia chefe, depois de realizar os rituais de segurança da Gira, chama os médiuns já desenvolvidos que irão formar uma roda no centro do terreiro para receberem as entidades que irão prestar o atendimento a assistência.

Este atendimento é feito individualmente, os Guias de Luz passam orientações, receitas de banhos com ervas, dão o tradicional "passe mediúnico" que é o momento onde as entidades realizam as magias que resolvem os problemas daquela pessoa assistida.

São realizados diversos rituais nesta hora, mas acima de tudo estas entidades confortam as pessoas com seu modo carinhoso e humilde.

Existem, é claro, muitos fundamentos que envolvem a preparação de uma gira de Umbanda mas não é objetivo deste site apresentá-las em seus textos, que tem por finalidade apenas divulgar e difundir nossa cultura, mas fica a mensagem que encontramos em um destes pontos cantados que diz: A UMBANDA TEM FUNDAMENTO, É PRECISO PREPARAR.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Entenda o que é o perespírito e como ele se manifesta

Marina Gold

O perespírito é uma emanação vibrátil da energia espiritual, que cada um de nós comporta desde o nascimento. Trata-se de uma espécie de camada, similar ao corpo físico, com uma espécie de conteúdo tênue, imperceptível do ângulo material, no qual a presença energética é intensa.

Ao longo da vida, seguindo variações de humor e estresse, obedecendo grande número de condicionantes - idade, equilíbrio interior, momento de vida, tranquilidade afetiva etc -, o perespírito pode se expressar num campo vibracional, que funciona como um ímã, atraindo as circunstâncias necessárias e predeterminadas para nosso crescimento pessoal.

Algumas vezes, de maneira fugaz, ele pode se propagar com surpreendente força, atraindo algo ou alguém que, de repente se impõe à nossa experiência, mesmo que queiramos evitar. Em geral, matéria sutil, ele se mistura com a expressão física da pessoa.

Outra característica interessante é o fato de haver diferentes reações emanadas pelo perespírito. Cada um de nós, involuntariamente, expõe um ou outro tipo. Uma notícia ruim, por exemplo, muda imediatamente o registro do nosso perespírito; da mesma forma, um contentamento também gera alterações. Ao longo da vida amadurecemos espiritualmente, armazenando dados e emoções, que ficam registrados no perispírito, formando uma memória espiritual que nos conduz ao caminho inevitável, seja ele bom ou não.

Ao nos aproximarmos de outras pessoas, em número pequeno ou em multidão, colocamos nosso perespírito em contato com os demais e muito raramente dois perespíritos gêmeos se encontram. Quando temos a oportunidade de racionalizar sobre o acontecimento, costumamos dizer: nossa, mal te conheci e parece que somos amigos há tanto tempo. A troca entre perespíritos próximos gera, corretamente, a sensação de empatia.

Com A.M. se passou exatamente isso. Um novo colega de trabalho acabava de assumir uma diretoria na empresa e o simples aperto de mão de boas-vindas, protocolar, segundo ela me relatou, fez com que as suas pernas tremessem. Quando se encontravam pelos corredores ou na máquina do café, na medida em que a distância física encurtava, uma onda de calor subia pelo rosto e orelhas de A.M. O beijinho social parecia um pequeno choque. Não era paixão: A.M., casada há sete anos, já tinha passado por uma paixão-maremoto e sabia bem do que se tratava. Agora era algo diferente da atração física, do desejo carnal.

Um encontro desses é muito raro e A.M. trabalhou empenhadamente para dominar a força selvagem desse enlace de almas, canalizando a energia positiva para construir uma sólida amizade com o colega. Amizade intensamente correspondida e bastante útil para a vida de ambos.